“Salazar falava sempre para a elite, raramente sucumbindo aos apelos de massas”
O Estado corporativo de António de Oliveira Salazar foi uma terceira via entre o liberalismo e o socialismo nos anos 1930 e influenciou várias ditaduras europeias, como a francesa, romena e grega.
É esta uma das linhas doutrinárias do novo livro de António Costa Pinto, “O Estado Novo de Salazar — uma terceira via autoritária na Era do Fascismo”, lançado recentemente pela editora Almedina.
“Dos intelectuais-políticos às associações patronais, o modelo corporativista salazarista tinha muitos apoiantes em França. Nem Pétain escondia a sua simpatia, dizendo certa vez que ‘uma vez que tenho as ideias de Salazar e a túnica de Carmona, não vejo por que precisaria de me duplicar'” escreve o historiador e cientista político.
O historiador também acentua diferenças entre a ditadura de Salazar e os nacionalismos alemão e italiano, de Hitler e Mussolini.
“A natureza sistemática e cartesiana dos seus discursos [de Salazar] fornece uma boa indicação do seu pensamento político. Salazar falava sempre para a elite, raramente sucumbindo aos apelos populistas ou de massas”, afirma Costa Pinto.
O salazarismo esteve também associado ao destino do corporativismo nos chamados regimes colaboracionistas da Europa nazi, chamando a atenção para diversas facetas: o grau de independência e diversidade que as elites políticas nacionais possuíam na elaboração institucional destes regimes