Costa Gomes tentou evitar destruição da Rádio Renascença
O ex-presidente da República Francisco Costa Gomes conta a Manuela Cruzeiro no livro- entrevista desta (Editorial Notícias, 1998 ) a sua tentativa para evitar a destruição da central técnica da Rádio Renascença (RR), a emissora da Igreja Católica portuguesa, ocupada por forças esquerdistas no Verão Quente da revolução em 1975.
A central da RR foi destruída à bomba em novembro de 1975 numa decisão aparente do então primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo, silenciando a estação de rádio , mais tarde entregue ao seu proprietário, com o 25 de Novembro de 1975 e a normalização democrática do país.
“Quando se colocou o caso da Rádio Renascença chamei um técnico de comunicações perguntando-lhe como se podia silenciar uma emissora sem a destruir. Ele disse-me que bastava tirar os cristais . E foi isso que mandei fazer quando chamei o comandante do AMI [Agrupamento Militar de Intervenção]. A aquisição dos cristais demorava uns dois ou três meses, ou seja o tempo suficiente para se atingir o objectivo pretendido : uma certa acalmia política . Era pois escusada aquela barbaridade, só comparável à destruição do Consulado e da Embaixada de Espanha, uma ação terrorista que para além do custo material (cerca de 3 milhões de contos) poderia ter comprometido seriamente e por longo período as nossas relações com a Espanha . Ainda que o caso Rádio Renascença tenha tido custos materiais mais baixos não deixou no entanto de constituir uma brutalidade incompreensível.”, diz Costa Gomes.