Quando a banca internacional fechou a torneira a Vasco Gonçalves
Logo que o I Governo Provisório liderado por Adelino da Palma Carlos caiu e o coronel Vasco Gonçalves se tornou primeiro-ministro do II Governo Provisório, em 18 de Julho de 1974, o que representou uma viragem radical à esquerda no país, o Banco Mundial e a banca internacional cortaram o financiamento a Portugal.
No livro Portugal depois de Abril (edição António Reis, Lisboa 1975), os jornalistas Avelino Rodrigues, Cesário Borga e Mário Cardoso recordam estes factos. “O boicote do grande capital mundial intensificou-se logo que Palma Carlos foi substituído por Vasco Gonçalves (18 de Julho), Assim, foram suspensas as negociações que o ministro Vieira de Almeida [ministro da Coordenação Económica do I Governo Provisório) e o governador do Banco de Portugal, Jacinto Nunes, traziam bem encaminhadas, em Londres e Nova lorque, com vista um empréstimo substancial. O Midland Bank, da América, e algumas casas bancárias inglesas suspenderam os financiamentos que embora de forma selectiva estavam fazendo a algumas empresas portuguesas. E o Banco Mundial cancelou as negociações para um primeiro empréstimo de 400 mil contos (uma verdadeira insignificância para as nossas necessidades e sobretudo para as possibilidades daquela colossal instituição). Por outro lado, os fornecedores estrangeiros começaram a exigir o pagamento adiantado das encomendas dos clientes portugueses, fenómeno nunca visto no funcionamento habitual do sistema capitalista. E contra este boicote nada podia fazer o Governo”.