Quando António Costa criticava Seguro por não elogiar Sócrates
A ideia de que Sócrates tinha um pote de ouro em casa da mãe, por sua vez herdado com a fortuna feita com o volfrâmio pelo avô fez o seu curso no PS durante muitos anos.
Mas depois de Sócrates ter saído do governo em 2011, foram muitos os sinais de que o pote de ouro da mãe era um simples escudo para esconder outras fontes de rendimento.
Assim indicavam, quer o contrato com a Octopharma de Lalanda de Castro, quer a vida faustosa em Paris. quer a vida economicamente mediana que a mãe fazia, sem vislumbre do pote de ouro. Se os jornalistas sabiam e até a opinião pública se começava a aperceber, os socialistas sabiam melhor que ninguém. Mas fecharam os olhos.
Sócrates estava aí para as curvas políticas, com espaço nobre de comentário na RTP e era o nome mais forte para candidato presidencial do PS às presidenciais de 2016, ganhas por Marcelo Rebelo de Sousa.
António Costa chegou a atacar o então líder do PS, António José Seguro por querer apagar o passado socrático. Na luta interna de Costa para ascender a chefe do PS valeu tudo.
Ainda ontem, numa resposta sibilina a Sócrates e às acusações de canalhice que este faz à direcção do PS, o líder dos socialistas disse que “ a vida do PS é feita diariamente não pelos seus secretários-gerais, mas pelos milhares de militantes”. Como disse, a seguir à decisão instrutória de Ivo Rosa no caso Sócrates, que nada tinha a acrescentar às as declarações feitas em 2014, em que Costa falou mortiferamente na “verdade” de Sócrates, “na sua verdade”.
Agora, atirar a Sócrates é o desporto do PS.
Chega a ser divertido que no PS ninguém lembre a defesa acérrima que Mário Soares fez a Sócrates. Não é um secretário-geral qualquer, do dia-a-dia, mas o fundador do partido.
Em José Sócrates, os socialistas só viram durante dez anos o que lhes deu jeito. Nunca viram a forma como o então secretário de Estado do Ambiente José Sócrates meteu a ministra da pasta Elisa Ferreira no bolso em 1997, a arrogância com os jornalistas e a sua intimidação, a mera propaganda e o discurso vazio em tantas aparições, apenas show off, partidárias e governamentais.
Paulo Gaião
Director