Paulo Rangel: Rui Rio marca “o retorno a uma idade de ouro” da política e funda “uma nova ordem”
Rui Rio levava dois anos como presidente da Câmara do Porto e Paulo Rangel, já seu apoiante na eleição autárquica de 2001, tornava-se um admirador hiperbólico do actual presidente do PSD, a quem hoje disputa o lugar.
Num artigo no jornal “Público”, publicado em 15 de Janeiro de 2003, intitulado “Rui Rio: Rebelião ou Revolução”, Paulo Rangel escreve o seguinte sobre Rui Rio:
“O desígnio político de Rui Rio, enquanto discurso e enquanto exercício, vive de uma conotação revolucionária e remete para uma refundação ‘ética’ da política: um regresso da política à pureza das suas origens (ainda que origens míticas, próprias da utopia). Um regresso a origens em que os programas postulam ideologias e hierarquização de prioridades, os líderes falam verdade e usam de probidade, a máquina governativa é eficiente, independente e virtuosa.
Porque postula o retorno a uma idade de ouro – a uma idade da inocência política – o desígnio de Rio é revolucionário no sentido primitivo do termo (…) Mas é também revolucionário no sentido moderno, no sentido de quem, buscando uma ordem perfeita remotamente perdida, acaba por fundar uma nova ordem (…) Na verdade, ao projecto político de Rio não falta nenhum dos ingredientes de que se faz a ‘razão revolucionária’: a precedência da razão da ‘questão social’, o sonho da busca ‘da felicidade colectiva’, a ‘refundação da liberdade’ e a instauração do ‘governo secular’”.
Este artigo de Paulo Rangel foi republicado no livro “Uma Democracia Sustentável”, edições Tenacitas, Lisboa 2010, que reúne várias crónicas e artigos na comunicação social do actual candidato a líder do PSD.