Salgueiro Maia não tinha munições para atacar o Quartel do Carmo
Quem conta é Fisher Lopes Pires, um dos homens que participaram no golpe de Estado do 25 de Abril, na altura tenente coronel, encontrando-se no posto de comando e transmissões do Quartel da Pontinha, o local que centralizava os contactos com as forças operacionais no terreno e acompanhava as conquistas de posições às tropas ainda fiéis ao antigo regime.
Salgueiro Maia encontrava-se há várias horas no Largo do Carmo, defronte do Quartel da GNR, aguardando a rendição do presidente do Conselho , Marcelo Caetano.
“Quando o Salgueiro Maia já estava no Largo do Carmo e começou a protelar, a empatar, lembro-me perfeitamente de ter dado indicação ao Salgueiro Maia: Aponta o canhão à porta, rebenta com isso e entra. E ele só me disse: – Não posso! E eu pensei: -Mas porque é que ele diz que não pode? Só depois é que ele explicou que não tinha munições para os canhões. Mandar uma rajada de metralhadora para o ar era o que ele podia fazer”.
Segundo Fisher Lopes Pires, que faz estas revelações no livro A Hora da Liberdade, o 25 de Abril pelos Protagonistas, de Joana Pontes, Aniceto Afonso e Rodrigo Sousa e Castro (editora Bizâncio, 2012), Salgueiro Maia explicou que as suas forças não tinham conseguido ir aos paióis buscar munições por questões de segurança.