O azar dos Távoras no Euro 2024
João Félix falhou um penalty e Portugal foi eliminado do Europeu. Pode acontecer a qualquer um mas o factor psicológico tem de ser tomado em conta.
Uma equipa técnica que só colocou sistematicamente em campo os jogadores mais velhos e consagrados, de que foram exemplos máximos Ronaldo e Pepe, prescindindo dos mais jovens, o que pode esperar do ânimo de um jovem que praticamente não jogou nas partidas decisivas e que só foi posto em campo num jogo de refugo com a Geórgia.
Uma coisa é os jogadores mais novos mas já estrelas do futebol entenderem que nem todos podem jogar, outra coisa é verem que o treinador os discriminou.
É evidente que homens como João Félix, Pedro Neto, João Neves, Diogo Jota, Dalot, António Silva, Gonçalo Ramos, Gonçalo Inácio, Francisco Conceição não podiam jogar todos ao mesmo tempo mas o facto é que nunca foram verdadeiras opções nos jogos decisivos. Muitos deles jogaram com a Geórgia, num jogo para cumprir calendário, usados como refugo, o que diminuiu mais a sua auto-estima. Os erros de António Silva podem ter a mesma explicação do falhanço de Félix. Pode acontecer a qualquer um mas o factor psicológico tem de ser tomado em conta.
O falhanço do penalty por João Félix é como o azar dos Távoras. Como diz o Google “a expressão é a que que melhor representa a relação dos portugueses com o poder estatal: perante o abuso e a mentira de quem manda, olha-se para as vítimas e conclui-se que tiveram azar”.
No azar de Félix está o abuso de quem mandou na selecção, Martínez e certamente outros insondáveis interesses que fizeram com que Ronaldo jogasse todos os minutos, em todas as partidas, até com a Geórgia.
No pontapé falhado de Félix está, simbolicamente, o grito de revolta da juventude contra as opções de Martínez em escolher os mais velhos e consagrados.