EUA: tudo como dantes
Há sempre um final glorioso mesmo nas histórias americanas mais infelizes.
Joe Biden vai ficar na história como o homem abnegado que desistiu de se recandidatar.
Irá ter ainda a apoteose a que tem direito na convenção democrata que entronizará Kamala Harris.
Fica como exemplo para o mundo de gerações mais velhas que teimam em não dar lugar aos novos.
Para Trump, a corrida complicou-se.
Kamala é relativamente nova, com 60 anos, tem como cartão de visita poder ser a primeira mulher na Casa Branca e corre sem legado familiar, o que joga a seu favor, ao contrário do que aconteceu com Hillary Clinton (e em termos internacionais Segoléne Royal, mulher do presidente Françoise Hollande).
Tem excelentes hipóteses de ganhar mas nada deve mudar.
Vão novamente defrontar-se candidatos de de dois diferentes países em que os EUA estão cindidos, de um lado as elites e as massas urbanas mais esclarecidas da costa leste e oeste (Nova Iorque, Massachusetts, Rhode Island, Maryland, Maine e Califórnia) e do outro uma mole gigantesca de deserdados do Middle West.
Kamala vai continuar as políticas que já foram de Bill Clinton, de Obama, de Biden, defendendo os grandes interesses políticos e financeiros.
Trump vai prosseguir os seus próprios interesses, usando e abusando do seu eleitorado, como aconteceu na invasão do Capitólio, em que ele instigou e depois quem se lixou foi o mexilhão, quem entrou pelos salões adentro, apanhando duras penas de prisão, de 20 e mais anos.