A armadilha infantil de Montenegro

O governo de Luís Montenegro vai apresentar uma moção de confiança depois de um ano de governo.
Seja através de uma moção de confiança, seja de censura, nas condições actuais, a demissão do executivo jogaria a seu favor.
É uma armadilha infantil de Montenegro, em que o PS e o Chega não devem cair.
Basta olhar para o historial das eleições nas últimas décadas para perceber que a aprovação de moções, ou a rejeição de orçamentos no Parlamento, que fazem demitir executivos com pouco tempo em funções se revela fatal para quem os faz cair.
Em 1987, o PRD, partido do general Eanes, apresentou uma moção de censura ao governo minoritário de Cavaco Silva, há dois anos no poder, aprovada também pelo PS e PCP. Nas eleições desse mesmo ano, Cavaco obteve a sua primeira maioria absoluta.
Em 2021, o Bloco de Esquerda e o PCP aliaram-se à direita e chumbaram o Orçamento de Estado para 2022, o que conduziu à demissão do governo de António Costa, há dois anos no poder (ainda que Costa já governasse desde 2015). Nas eleições de 2022, o PS ganhou com maioria absoluta.
Luís Montenegro quer agora montar ao PS e ao Chega armadilha semelhante para haver novas eleições em 2025 e tentar obter maioria absoluta.
O PS e o Chega não vão nisso e apostam em continuar a cozer Montenegro em lume brande por causa do caso da empresa Spinumviva.