A Imperadora portuguesa dos Habsburgos
Isabel de Portugal. Nunca perdeu o nome, apesar de se ter tornado imperatriz consorte do sacro império romano-germânico, e ainda hoje os historiadores mundiais assim a apelidam, como acontece no recente livro “Os Habsburgos”, da autoria de Martyn Rady, editado pela Temas e Debates.
Filha de D. Manuel II, nascida em Lisboa em 1503, casou com Carlos I de Espanha, descendente dos Habsburgos, mais tarde Carlos V, imperador do sacro império romano-germânico, o governante dos tempos de ouro de Espanha, reunindo sob a sua coroa, as maiores possessões mundiais de sempre.
“Carlos tinha, entretanto, casado com a frágil, mas bela, Isabel de Portugal. A união começou por ser um mero expediente diplomático, e o casal só se encontrou pela primeira vez no dia do seu casamento. No entanto, Carlos rapidamente se apaixonou por Isabel e confiou nela o suficiente para a nomear sua regente em Espanha quando se encontrava ausente no exterior. Isabel morreu em 1539, após um aborto, tendo já dado cinco filhos a Carlos. Carlos recuperou o suficiente da morte da mulher para ter amantes, mas nunca deixou de a lamentar, encarregando Ticiano de pintar o seu retrato póstumo e instruindo frequentemente os seus músicos a tocarem em memória dela a lúgubre canção francesa ‘Um Milhar de Arrependimentos’ (‘Mille Regrestz’)”, refere Martyn Rady no livro “Os Habsburgos”.
Isabel de Portugal foi mãe de Filipe II de Portugal, que em 1580 se apoderou da coroa portuguesa. “Em 1580, o rei português D. Henrique morreu, necessariamente sem herdeiros, pois era um cardeal, portanto votado ao celibato. Através da mãe, Isabel, Filipe reivindicou o trono e escorraçou os seus rivais do reino. A aquisição da Coroa Portuguesa por Filipe II trouxe-lhe não só o Brasil, como também postos avançados em Goa, na Índia, Macau, na costa chinesa, e, por pouco tempo Nagasáqui, na costa mais meridional do Japão. A Espanha dos Habsburgos tornou-se a principal potência tanto no Pacífico como no Atlântico”, diz ainda a obra “Os Habsburgos”.