A PIDE fez grande elogio a Álvaro Cunhal

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É o Diário de Lisboa que conta na edição de 17 de maio de 1974, depois de consultar o volumoso processo da PIDE nº 445/56 sobre Álvaro Cunhal na cadeia de Peniche, onde o líder comunista esteve preso na década de 1950, antes de se evadir do estabelecimento em 3 janeiro de 1960.
No extracto de um documento, elaborado em14 de Novembro de 1959) sobre aquele dirigente, a PIDE escrevia: “Todo o passado do dr. Álvaro Cunhal, esse passado feito de actos irrefletidos, como Prometeu, os lumes divinos, todo esse passado pesa enormemente sobre os ombros do Dr. Cunhal comprometendo a sua vida e liberdade. Ele não pode deixar de estar presente, ainda muito vivo, diante dos nossos olhos, para aquilatarmos do seu estado de perigosidade actual. A sua inteligência jovem e generosa foi aliciada pela dialéctica marxista, a rectidão do seu carácter e o seu ardente e temperamental amor pela justiça permitiu que o empolgasse a ‘Grande Promessa’ da ideologia comunista, que não sabendo ou não querendo procurá-la por vias menos tumultuosas, deixou-se fascinar pela feição dinâmica e revolucionária de doutrina”.
E mais à frente salienta:
A linha limite de evolução da sua mentalidade ideológica atingiu o último limite, transitando do ‘puro intelectual’ para o ‘afectivo’ deixando de de ser simples pensamento e consciência corporal para se transformar em paixão militante”.
No mesmo documento, a PIDE acrescenta:
“O dr. Álvaro Cunhal não abjurou do seu credo e, antes parece evidente, a sua permanência nele, a sua ligação indefectível com ele. O dr. Cunhal de hoje continua a ser o dr. Cunhal de ontem.”