Moedas: entre Cavaco e D. João I
Sim, nasceu o moedismo. Está escrito que o homem vai ser um dia primeiro-ministro. Não se sabe é quando.
Moedas podia candidatar-se a primeiro-ministro já em 2023 contra o PS e António Costa mas o desfecho não é certo.
Moedas tem um mandato de quatro anos para cumprir em Lisboa. E o povo português já provou, nas autárquicas de ontem e em anteriores sufrágios, que não gosta de candidatos convencidos que têm a vitória e o rebanho no bolso. Como aconteceu ontem com Medina. ´
Para agravar a situação, António Costa mantém intacta a poderosa arma da geringonça, o que lhe permite governar mesmo sem ter ganho em 2015 e ganhar sem estrondo em 2019.
Moedas pode esperar e mostrar primeiro trabalho em Lisboa. Tem todo o tempo do mundo.
A vitória de Moedas em Lisboa é uma espécie de revolução de 1383-1385, quando Lisboa guiou o país para a mudança de alto a baixo, pela mão do Mestre de Avis e Nuno Álvares Pereira.
Lembra também o início da cavalgada de Cavaco Silva quando foi experimentar o carro num Congresso do PSD e saiu de lá praticamente primeiro-ministro, partindo para três vitórias sucessivas nas legislativas de 1985, 1987 e 1991, duas delas com maioria absoluta.
Por último, Moedas dá o primeiro passo em Lisboa para mostrar que é perfeitamente possível o PSD voltar a governar o país sem depender da indigência e bárbarie política do Chega e de André Ventura. Sim, com Moedas é possível a maioria absoluta do PSD.
A tentação de Rui Rio se recandidatar a primeiro-ministro em 2023, com Moedas no bolso para mostrar, será muito forte para o actual líder do PSD, que viu as autárquicas de ontem como uma vitória pessoal.
Mas a probabilidade de as coisas voltarem a correr mal para Rio, como em 2019, é muito forte. Rio não tem a auréola de vencedor. Muito menos a possibilidade de arrebatar uma maioria absoluta para o PSD, capaz de matar a arma da geringonça. Tanto ele como Chicão fazem o papel deles ao colar-se a Moedas mas estão profundamente equivocados com os resultados das autárquicas de ontem. O PS ganhou folgadamente no país a Rio e Chicão. A decisiva diferença é que Moedas ganhou na capital e o PS e a geringonça vão tê-lo garantidamente como o adversário que lhes vai tirar o poder.
Está escrito nas estrelas, no mapa astral do ex-governante de Passos Coelho, ex-comissário europeu e ex-administrador da Gulbenkian que um dia vai ser primeiro-ministro.