Saiba o que António Barreto pensa de Jorge Sampaio
O sociólogo António Barreto não é brando com o ex-presidente da República, Jorge Sampaio: “A ideia com que fiquei do Jorge Sampaio não era, nem é, muito lisonjeira. Achei-o das pessoas mais oportunistas do mundo. Só está interessado em estar no sítio certo, e as coisas vêm ter com ele”, refere no livro “António Barreto, Política e Pensamento”, da autoria de Maria de Fátima Bonifácio (editora Dom Quixote).
António Barreto conhece Jorge Sampaio há muitas décadas. Ambos fizeram oposição ao regime de Salazar e Marcelo Caetano nos anos 1960 e militaram no mesmo partido, o PS, após o 25 de abril. Jorge Sampaio fez uma longa carreira política, como líder do PS, presidente da Câmara de Lisboa e presidente da República. António Barreto foi deputado e ministro de um governo PS mas afastou-se da vida política em 1991, precisamente após apoiar Jorge Sampaio nas eleições legislativas desse ano, acentuando a partir daqui a sua marca de pensador livre.
No mesmo livro, António Barreto confessa que a sua ambição era ter sido primeiro-ministro mas que cometeu um “erro brutal”: “A política é tratar com pessoas, é ter ligações, alianças, compromissos, afrontamentos; a vida política não é ter ideias, isso é para outra coisa, para outra profissão. […] o instrumento principal são relações humanas, com pessoas, com grupos, com lobbies, com empresas, com sindicatos, e eu não percebi isso. Houve uma altura na minha vida em que a verdade, a clareza e a limpidez [me] bastavam. Isto é um erro brutal – não perceber que a política é um sistema de relações humanas e sociais e de poder […]. A função de um político é acumular poder, o que muitas vezes é acumular pessoas. Ter apoiantes, ter partidos, ter grupos, ter gente que trabalha para nós. Liderar não é ter ideias melhores do que os outros. Liderar é dar ideias a quem as segue, é comandar, comandar as nossas pessoas, para poder mandar no resto.”, diz António Barreto.