Alternativa Democrática: uma coligação única no mundo
É caso único no mundo uma coligação eleitoral com um partido, o PSD, com cerca de 28 por cento de votos e 72 deputados nas últimas legislativas de 2022 e outro, o CDS, com 1,6 de votos, que não elegeu deputados no mesmo sufrágio.
Mas o que visa Luís Montenegro com a Alternativa Democrática, uma coligação aritmeticamente negativa?
Apenas um vice-presidente do PSD sobressaí junto da opinião pública pelos seus méritos políticos: Paulo Rangel, ex-candidato a líder, eurodeputado, com intensa actividade pública nos últimos anos.
Os portugueses nada sabem dos outros vice-presidentes de Montenegro, nada os distinguindo de significativo do ponto de vista político: Miguel Pinto Luz, Margarida Balseiro Lopes, Paulo Cunha, António Leitão Amaro e Inês Palma Ramalho. Nenhum tem experiência governativa.
O mesmo se diga do secretário geral do PSD Hugo Soares e do líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento.
Na campanha eleitoral para as legislativas de 10 de março é evidente que vão aparecer os pesos pesados laranjas, Passos Coelho, Cavaco Silva, Carlos Moedas, tal como surgiram no Congresso do PSD de há um mês (estes dois últimos). Mas, face à fragilidade de Montenegro, que após quase dez anos de poder socialista, não descola nas sondagens, são mais um sinal de fraqueza do que força do líder
O que o CDS não tem em votos tem em personalidades eminentes, com relevância política, governativa e profissional, bem como longa exposição púbica que os fez conhecidos da opinião pública, ofuscando os actuais dirigentes do PSD, até o próprio Montenegro. A lista é longa: Paulo Portas, António Lobo Xavier, Paulo Núncio, Mota Soares, Telmo Correia. António Pires de Lima, Assunção Cristas. Diferente do que acontece com o PSD, como o partido vale zero, não há o perigo de enfraquecerem o líder Nuno Melo. Vão todos aparecer nos palanques da Alternativa Democrática.