Como o mundo estendeu o tapete à ditadura chinesa nos últimos 50 anos
Até 1971, a ONU reconhecia a China nacionalista (Taiwan) como o governo legítimo do pais mas depois desta data passou a reconhecer a República Popular da China de Mao Tsé Tung. Hoje, Taiwan é um país quase isolado diplomaticamente. Apenas 15 Estados no mundo o reconhecem, na Europa, só o Estado do Vaticano. A explicação é simples: a República Popular da China corta relações diplomáticas com os países que reconheçam Taiwan.
Em 1972, o presidente norte-americano Richard Nixon visita a China, o que representou um marco na integração de Pequim na geoestratégia mundial.
Desde aí, o poder da China não cessou de se fortalecer.
Em 1978, chega ao poder Deng Xiao Ping, o homem que criou um novo modelo de Estado, designado “um país, dois sistemas”. Por um lado, a continuação do controlo político e económico por parte do Partido Comunista Chinês, o partido único. Mas, por outro lado, a instauração de uma economia capitalista, idêntica à dos países ocidentais.
A China cimentou este novo sistema durante 20 anos, não sem resistência interna, como aconteceu na Praça de Tiananmen em 4 de junho de 1988, conduzindo a uma intervenção militar e ao massacre de centenas de estudantes e oposicionistas chineses. Uma tragédia a que os EUA e a Europa foram fechando os olhos nos anos seguintes, em prol da intensificação das relações económicas com a China.
Em 1999, o país entrou na Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe permitiu rapidamente ditar cartas no comércio mundial, inundando o mundo de produtos chineses a preço baixo através de concorrência desleal.
Na verdade, uma ditadura de partido único, sem eleições, sem liberdade de expressão e associação, sem direitos laborais, designadamente o direito à greve, e com salários baixos controlados, permite-lhe preços imbatíveis e o domínio do comércio mundial.
O mundo ocidental torna-se um gigantesco bazar chinês e muitas empresas da Europa são arrasadas porque não resistem à concorrência chinesa, como aconteceu com os têxteis portugueses nos anos 2000.
Grandes empresas ocidentais deslocalizam as suas fábricas para a China porque beneficiam dos salários baixos e da ausência de direitos sociais dos trabalhadores. Aumentam em muito a sua produção e vendem os seus produtos aos consumidores ocidentais (automóveis, computadores).
Com as divisas exorbitantes que obtém com o controlo do comércio mundial, empresas chinesas, sempre com o beneplácito do Partido Comunista, compram empresas estratégicas em vários países da Europa, como em Portugal, nomeadamente no sector da electricidade e da saúde.