Dr. António Costa, páre, escute e olhe
Se António Costa ceder ao PCP no OE 2022 para manter o poder perde-o pouco mais à frente, talvez até antes de 2023. Hoje, é a melhor altura para o PS mostrar a sua imagem moderada, Costa montar outro cavalo, o liberal, e aproveitar a nova onda que se vive, com o país empresarial a ficar cada vez mais farto do socialismo teórico da geringonça, o que ficou bem espelhado na vitória de Carlos Moedas em Lisboa.
Não cedendo aos comunistas e aceitando eleições legislativas antecipadas, Costa colocava o ónus da crise no PCP. Se ceder, fica refém deles.
O PCP achou que a equação da geringonça nos últimos anos era uma espécie de bodo aos pobres e quis impor um verdadeiro manjar de aumento de pensões e salários, para ver se os trabalhadores dão aos comunistas mais votos nas urnas (que têm definhado nos últimos actos eleitorais)
Costa prepara-se hoje para servir o manjar ao PCP para se manter no poder. O problema é que o almoço vai ficar muito caro e ferir profundamente os interesses do eleitorado mais moderado e liberal do PS, que acha cada vez menos sustentável subir salários e pensões sem correspondência no crescimento económico e na produtividade do país.
O que pode acontecer no futuro, caso Costa pague o mega almoço aos comunistas, é o PCP satisfazer os seus eleitores como resultado desta estratégia (pressupondo que há poucos ou nenhuns comunistas com tentações liberais), subindo efectivamente os seus resultados em próximos actos eleitorais.
Já o PS arrisca-se a perder bastantes votos com o claudicar aos comunistas . É preciso lembrar que os melhores resultados eleitorais que os socialistas alcançaram foram com líderes moderados: Mário Soares, António Guterres e José Sócrates, este último com a primeira e única maioria absoluta para o PS.
Os líderes mais à esquerda do PS nunca tiveram hipóteses eleitorais.
O esquerdista Jorge Sampaio foi esmagado nas urnas por Cavaco Silva em 1991 e só ganhou Belém em 1996 em virtude do apoio entusiasta e militante do PCP a um homem que o Partido considerava amigo dos sete costados, ou não o tivesse convidado 12 vezes para entrar no PCP, como conta o biógrafo oficial de Sampaio, o jornalista José Pedro Castanheira.
O esquerdista Ferro Rodrigues perdeu as eleições de 2002 para o líder do PSD Durão Barroso.
O esquerdista António Costa perdeu as eleições de 2015 para o PAF de Passos Coelho e só montado na geringonça chegou ao poder.
Dr. António Costa, páre, escute e olhe. Se ceder, vem aí o comboio vermelho comunista.