É o Covid, estúpido
Houve virologistas a dizer em março de 2020 que só conheciam duas maneiras de combater o Covid: ou através da imunidade de grupo ou através de uma vacina.
Os governos de quase todo o mundo escolheram a vacina e confinaram até ela surgir.
Na verdade, a política de confinamento tinha como corolário lógico a necessidade de criar rapidamente a vacina contra o Covid. De forma a que os políticos justificassem aos eleitores que o confinamento tinha sido um enorme sacrifício mas tinha valido a pena.
Pressionaram-se as farmacêuticas e, como é sabido, em menos de um ano criaram-se dezenas de vacinas contra o Covid.
Mas em relação às vacinas, alguns virologistas tinham também garantido em março de 2020 que na história da biologia e da medicina só conheciam vacinas com alto grau de sucesso — em relação a outros vírus que não o Covid – depois de uma investigação incessante de mais ao menos… 20 anos. Análise que tinha em conta outro factor: as variantes dos vírus diminuíam ainda mais a eficácia das vacinas criadas.
Ora, este valioso contributo científico dos virologistas nunca interessou aos políticos. Havia que acreditar nas vacinas.
Hoje, passado um ano, o que há a dizer?
As vacinas não são inócuas ou um mero placebo.
Mas estão longe da elevada eficácia, que não era mais do que uma crença dos políticos transmitida às populações.
E há muitas dúvidas sobre os efeitos das vacinas. A pressão para a rapidez fez dos humanos cobaias.
Quando o primeiro-ministro António Costa diz hoje que podemos voltar à vida normal no fim do Verão, certamente a contar com a vacinação dos jovens dos 12 aos 17 anos, pode estar a incorrer noutra crença, semelhante à do Natal de 2020.
O Covid não vive apenas do vírus que é. Não é uma gripezinha mas está longe de ser o Ébola.
O Covid nunca teve uma estratégia selectiva de combate, que prevesse muitos dos seus mecanismos e acertasse. Muitos grupos não afectados foram postos no mesmo saco. Não se focou o pensamento nisto: uma vez utilizado o confinamento e as fortes medidas restritivas, nunca mais sairíamos daa espiral por causa das variantes que iam inevitavelmente chegar (e vão continuar a chegar).
Quando a política é sobretudo a arte de prever e acertar (naturalmente com conselheiros especializados na mesma arte), poucos quiseram perceberam o Covid.
Não era precisar confinar como se confinou, sem uma estratégia. Nem pressionar a vacina, como se pressionou, sob pena de diminuir a sua eficácia.
Apetece lembrar a célebre frase: “é a economia estúpido”. Ou é o Covid, estúpido.