Engarrafamento de candidatos presidenciais à direita
Há um engarrafamento à direita de candidatos às próximas eleições presidenciais de 2026.
Desde que se tornou comentador televisivo há quase dez anos, seguindo as pisadas de
Marcelo Rebelo de Sousa, que se sabia que Marques Mendes queria ser candidato
presidencial.
Nos últimos dias, anunciou ao país essa possibilidade. Também em 2004, queria ser ele o
escolhido pelo PSD para candidato a primeiro-ministro em vez de Santana Lopes.
Como pontos fracos tem o de nunca ter sido primeiro-ministro. Como ponto forte,
precisamente o mesmo, não se tendo desgastado na função.
Durão Barroso é o candidato natural do PSD à presidência. O seu maior trunfo é ter sido
presidente da Comissão Europeia durante dez anos. As suas maiores fragilidades são ter saído
de primeiro-ministro em 2004 degastado pela função, ter abandonado o país subitamente
para ir para Bruxelas, ter negociado com Santana Lopes a sua sucessão no partido, como se
fosse um monarca laranja, ter envolvido o país no cenário americano de guerra no Iraque,
baseado na mentira deste país possuir armas de destruição maciça, e abraçar uma carreira
financeira de forte visibilidade como presidente da Goldman Sachs, banco de investimento
norte-americano, rendido aos interesses mais profundos do capitalismo, e por último,
juntando política com finança internacional, ser um verdadeiro homem dos americanos.
Como trunfo tem ainda o facto de, casado recentemente, após enviuvar, ter uma primeira
dama para mostrar, marcando o regresso destas ao Palácio de Belém após o interregno
solitário de Rebelo de Sousa.
Passos Coelho talvez seja o candidato mais forte do PSD. Os principais trunfos estão na sua
imagem de homem bom, dedicado, simples.
A principal fragilidade é ter querido ir além da troika em 2011 e a lembrança de ser alvo, com a
proposta de aumento da TSU para os trabalhadores em 2012, da maior manifestação de
sempre contra um governo. No entanto, o crescimento económico dos anos seguintes, como
Passos previra, aproveitado por António Costa, poderá varrer esta imagem negativa junto dos portugueses.
O actual inquilino de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa, também pode constituir outra
fragilidade. Rebelo de Sousa não esquece que, quando Passos era líder laranja, tentou excluir o apoio
do PSD à sua candidatura presidencial, chamando-lhe um “catavento de opiniões”. Marcelo já
começou a pagar-lhe na mesma moeda quando há seis meses lançou a candidatura de Durão
Barroso, dizendo que este estava “disponível” para ser candidato a Belém e que “são muitos
os chamados e por natureza apenas um o escolhido”. Marcelo poderá reforçar a dose contra
Passos se este for mesmo candidato a Belém.
A abnegação que Passos teve com a falecida ex-mulher Laura, vítima de cancro, foi admirada por
muitos portugueses e é outro trunfo. Hoje, aparentemente, Passos continua sozinho, apenas
dedicado às filhas. Poderá, assim, haver outro solitário, como Marcelo, no Palácio de Belém.
Certamente muito diferente…
Paulo Portas também pode querer ser candidato presidencial para marcar posição, ver se
consegue superar os dois dígitos, o que seria um bom resultado (excelente seria um valor
próximo dos 14 por cento) e talvez dar um empurrão ao CDS, quem sabe se com o seu regresso à
liderança ou até protagonizar a criação de um novo partido, ajudando a construir uma nova
solução para a direita.
Falta algum pré- candidato presidencial à direita nesta lista? Falta! O sempre candidato a tudo Santana Lopes, que pode ir novamente a jogo para recuperar peso político e tentar obter sete ou oito por cento de votos, o que representaria uma vitória política pessoal e poderia baralhar as contas das primárias da direita, um pouco como fez Maria de Lurdes Pintasilgo em 1986, quando o engarrafamento para as presidenciais foi à esquerda.
Em próximo artigo, iremos falar dos candidatos à esquerda e dos possíveis candidatos
independentes.