Está-se a acabar a mama do Covid
Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio, o primeiro preocupado com o estado caótico do PSD e da direita e a alta probabilidade de o PS voltar a arrebanhar eleitoralmente, criticam o governo por não ter organizado devidamente a vinda de 20 mil adeptos ingleses para verem a final da Super League no Porto.
Marcelo já se sabe que é um catavento destravado, sem linha nem coerência, que se orienta pela espuma de cada dia que o beneficie.
Em junho do ano passado, congratulando-se a com as finais da Super League em Lisboa, dizia que a “marca Portugal vai afirmar-se durante oito dias e isso não tem preço”. No Natal de 2020, marcava seis almoços no próprio dia, para a selfie e o cotovelo.
Quando quer atacar o governo, tem defendido, em público e em privado, posições “fechadistas” no Covid, contra pensamentos mais liberais do executivo no desconfinamento e nas alterações dos critérios e das matrizes de reacção ao vírus.
António Costa tem tido cuidado e faz bem, numa matéria emocional perigosa, ou não fossem os portugueses um dos povos mais medrosos do mundo, como se evidencia num livro que deve ser lido e relido nos tempos de hoje: “Portugal, o medo de existir”, do filósofo José Gil.
Rui Rio há muito que utiliza o Covid para tentar aproveitamentos políticos — a estratégia de um líder fraco e incompetente — acarinhando os confinamentos e tentando tirar partido do temor dos portugueses. Nem assim lá chega, como se vê nas sondagens,
Hoje, Marcelo e Rio exploram a Super League no Porto – que teve, afinal, poucos ingleses tresmalhados da “bolha” — mas não declaram, de modo semelhante, que se deve abrir a jogos ou actividades nacionais, como exigem empresários do futebol e do espectáculo. O que faz pensar que o querem efectivamente é mais restrições Covid e as mesmas matrizes para actuar com o vírus, até no Verão e com a vacinação em velocidade de cruzeiro.
Parecem manobras, e perversas, que visam dificultar a vida ao Governo. As restrições pioram mais o estado da economia. E quanto pior economia, pior para Costa nas eleições autárquicas deste ano e nas legislativas daqui a dois anos.
Marcelo e Rio, que foram unha com carne na liderança laranja do professor, no final dos anos 1990 (Rio como secretário-geral do PSD ) são apoiados pelo conjunto de velhos especialistas, epidemiologistas e matemáticos, que sempre quiseram o país a pão e água, trancado contra o Covid.
A estratégia destes é diferente mas também é política. Estamos a assistir, com a vacinação Covid, ao estertor do poder que tiveram.
Está a acabar-se a mama do Covid. A vida vai continuar.