Gouveia e Melo: só falta o cavalo branco de Sidónio
Como explicar Gouveia e Melo em primeiro lugar nas sondagens para Presidente da República? Os portugueses sempre adoraram vários tipos de fardas, a de Sidónio Pais, a de Gomes da Costa, a fradesca de Salazar, a de Eanes, a da mulher de Eanes e o seu PRD, até a farda economês de Cavaco Silva, a sofredora e masoquista de Passos Coelho e a farda sabidona e golpista de António Costa.
Quando a farda é militar, os portugueses ficam mais deliciados. A autoridade e a ordem são apreciadas. Sidónio Pais foi adorado pelo garbo próprio e do cavalo branco e ser um presidente rei. Gomes da Costa desceu até Lisboa aclamado. Ramalho Eanes, o seu perfil hirto e esfíngico, as patilhas e os óculos latino-americanas, despertavam um temor reverencial de que os portugueses gostam.
Quando Eanes ainda era Presidente da República, a líder de facto do Partido Renovador Democrático, o partido fundado por Eanes, foi Manuela Eanes e muitos portugueses adoraram esta abnegação porque, numa óptica dos costumes tradicionais, Manuela Eanes era a sombra do marido e se sacrificou por ele.
Gouveia e Melo conquistou os portugueses também com o garbo, o método e a disciplina com que centralizou a administração de vacinas Covid 19, no tempo da Pandemia do vírus. O chiste que o carateriza, por vezes o desbocamento, também são atributos de que muitos portugueses gostam.
Na União Europeia não há um único presidente da República de carreira militar que tenha passado de Chefe de um ramo, como acontece com Gouveia e Melo na Marinha, para, sequer, candidato à chefia do Estado, quanto mais Presidente da República.
Portugal está sempre mais distante das democracias maduras da Europa, onde a sociedade civil e a cidadania são fortes, e mais próximo da América Latina.