“Melo Antunes era uma toupeira do PCP”
O livro lê-se de um fôlego como um ensaio, que abre muitas pistas para temas de investigação, polémicos e interessantes, atributos que sempre acompanharam Vasco Pulido Valente. Falamos de “Uma Longa Viagem com Vasco Pulido Valente”, do jornalista João Céu e Silva (editora Contraponto, 2021).
Em mais de quarenta sessões de entrevista, Pulido Valente afirma que o PCP, com o aval de Álvaro Cunhal, teve a intenção de matar Mário Soares no Verão Quente de 1975. Garante que Melo Antunes era uma toupeira do PCP, para além de Vasco Gonçalves. Diz que Spínola “era muito estúpido, mesmo bronco”.
Lembra que Zita Seabra teve um comentário moralista contra Sá Carneiro, quando este, nos governos da AD nos anos 1980, criou a Secretaria de Estado da Família: “O Sá Carneiro gosta muito de famílias, tanto que tem duas”, numa alusão à família do casamento com Isabel Sá Carneiro e à relação com Snu Abecassis. Não tem dúvidas que D. Manuel II era homossexual.
O historiador e ensaísta, falecido no ano passado, termina com um enigma e uma confissão.
O enigma, sobre a sua relação com Mário Soares, a quem tece vastos elogios: “teve a generosidade de me perdoar os favores que eu lhe fiz”. Ninguém percebeu. Nem o entrevistador.
A confissão é esta: “Pela primeira vez na minha vida não percebo o mundo em que estou”. E ainda não tinha surgido a Pandemia Covid-19.