Montenegro: tiros ao melro e um brinde
Luís Montenegro caçou muitos melros no Congresso do PSD de Almada, um conclave de mera propaganda ao líder laranja rumo às legislativas de 10 de Março de 2024.
Montenegro falou do legado heroíco de Cavaco Silva, dizendo querer estar à altura dele. Uma coisa é um líder já com “patine”, medalhado em vitórias eleitorais, europeias ou autárquicas, ou com bons resultados nas sondagens, mostrar que os históricos também o apoiam. Já com Montenegro, sem uma medalha eleitoral como tem Carlos Moedas ou mesmo Passos Coelho e atrás do PS nas mais recentes sondagens, mostrar um histórico e fazer dele cartaz só o fragiliza.
Montenegro chamou Cinderela a Mariana Mortágua. Foi um simples sound byte e forçado. A líder do Bloco de Esquerda respondeu-lhe bem que ele precisava falar para adultos.
Montenegro disse que Pedro Nuno Santos traria de novo o gonçalvismo. Ora, o eleitorado com idade inferior a 50 anos, não sabe o o que é isso e muitos dos que sabem valorizam alguns direitos adquiridos do antigo primeiro-ministro, como a criação do subsídio de desemprego e as nacionalizações, num país que continua a ser subsidiodependente e apegado à protecção do Estado.
Num desabafo à Calimero, Montenegro confessou: “Eu sei que as pessoas esperam mais de mim do que eu fui capaz de mostrar até agora.” É uma frase fatal que um líder político já há dois anos no poder como Luís Montenegro, não pode proferir. É um princípio clássico dos recursos humanos que a primeira que “a primeira impressão é que conta”.
E o brinde de Montenegro? Este esteve no aumento das pensões de reforma para 820 euros até 2028. É uma manobra eleitoralista óbvia, até gonçalvista, mas que pode dar votos a Montenegro.