O país mete medo a vender bancos
Luís Filipe Vieira pode andar a vender gato por lebre no Benfica, não ganhando o campeonato de futebol nem fazendo voar o clube na Europa, mas marcou golos na comissão parlamentar de inquérito.
Desde logo, é claro, um golo para iludir as suas próprias dívidas ao Novo Banco, atirando culpas a outros. Mas foi certeiro.
O presidente do Benfica disse que “devia ser enforcado” quem fez o contrato de venda do Novo Banco (antigo BES) à Lone Star em 2017. O então ministro das Finanças foi o vendedor. Como é sabido foi premiado por António Costa para governador do Banco de Portugal. Mas não esteve sozinho. Também estava lá Carlos Costa, então governador do Banco de Portugal.
O país mete medo a vender bancos. A receita é sempre a mesma. Só muda o nome e a engenharia financeira.
Primeiro, o Estado faz a cisão dos bancos que rebentam em “banco mau” e “banco bom”. Assume o “banco mau” e é aqui que o contribuinte paga a fatia maior.
Vende o “banco bom” a outros bancos e fundos com descontos brutais e o contribuinte também paga.
Foi assim com o BPN, onde o Estado chegou a nacionalizar a parte má do banco e deixar a parte boa para os accionistas privados do BPN, através da Sociedade Lusa de Negócios. Governava José Sócrates.
Foi assim com o BES e foi assim com o Banif.
No total destes três bancos os prejuízos para o Estado devem ultrapassar os 12 mil milhões de euros.
Depois vem a venda das “partes boas”, um negócio mesmo guloso para os tubarões bancários ou de países corruptos.
Em Dezembro de 2011, já com Passos Coelho como primeiro-ministro, o BPN foi vendido por um preço incrível de 40 milhões de euros ao BIC angolano, ao alcance de um sortudo do Euromilhões. Era Passos Coelho primeiro-ministro, o que prova que em matéria de bancos, PS e PSD são iguais a meter medo a vender bancos.
Em 2016, o Banif foi comprado pelo Santander por 150 milhões de euros, com um desconto de 75% por cento.
Em 2017, a Lone Star comprou 75% do Novo Banco com um desconto a razar os 70 por cento. Outros fundos compraram os restos com descontos ainda maiores. No bolo, estão milhares de imóveis que o Novo Banco (BES bom), vendeu a preço da chuva.
Portugal mete medo a vender bancos.