Os mortos esquecidos do 25 de novembro
O golpe do 25 de Novembro de 1975, que amanhã será evocado na Assembleia da República, não teve apenas como vítimas militares dos Comandos e da Polícia Militar que se enfrentaram na Calçada da Ajuda, em Lisboa.
No dia 1 de Janeiro de 1976 uma manifestação junto à cadeia de Custóias de apoio e solidariedade para com os militares presos implicados no 25 de Novembro, muitos deles familiares e amigos, desembocou numa tragédia, com três mortos e vários feridos.
Perante a aproximação de muitos manifestantes ao portão da prisão, militares da GNR dispararam contra a multidão.
O jornal “Diário de Lisboa”, na edição de 2 de Janeiro de 1976 conta que o corpo da GNR temeu, ainda que infundadamente, uma invasão da prisão pelos manifestantes e que disparou primeiro para o ar e depois contra estes.
A família do Major Arnão Metello, militar detido, vice-primeiro-ministro no V Governo de Vasco Gonçalves, foi a que mais sofreu.
Segundo o jornal, Maria Isabel Arnão Metello, de 3 anos, sobrinha do Major (mas que se supõe hoje ser filha), foi atingida na bacia e nos intestinos.
Maria Teresa Arnão Metello, de 70 anos, mãe do major Arnão Metello, também sofreu ferimentos, ainda que ligeiros.
Foram também feridas dezenas de outras pessoas.
O Diário de Lisboa revelou a identidade dos mortos:
Arménio Pereira da Silva, de 30 anos, empregado de armazém, residente em Leça do Balio.
Celestino Rebelo Teixeira, de 43 anos, servente de armazém, residente em Vila Nova de Gaia
O cidadão alemão Guenther Bruns, de 22 anos, natural de Hamburgo, segundo o jornal em Portugal há algum tempo e que se preparava para regressar ao seu pais dentro de dias. Encontrava-se em casa de amigos portugueses e trabalhou há tempos na Cooperativa Estrela Vermelha.
Pode ler a notícia no Diário de Lisboa no seguinte endereço electrónico:
http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06824.174.27419#!6