Por que é que Gouveia e Melo não pode ser Presidente da República?

Se o Almirante Gouveia e Melo fosse eleito presidente Presidente da República, um militar ficaria com poderes civis, como o de dissolver a Assembleia da República, e promulgar leis, e poderes militares, com o de ser comandante supremo das Forças Armadas e nomear as chefias militares, entre as quais o CEMGFA.
Não é o suporte institucional adequado para uma democracia portuguesa que se pretende europeia e ocidental, de que são exemplos maiores o Reino Unido, a França e a Alemanha e até a vizinha Espanha.
Esta arquitectura de poder, em que um militar teve simultâneamente poderes civis e castrenses, foi característica, com o 25 de Abril de 1974, da transição da ditadura para a democracia de tipo ocidental, consolidada com o 25 de novembro.
No âmbito do II Pacto Constitucional entre o MFA e os Partidos Políticos, a maior reserva de poder para os militares, superior à própria existência do Conselho da Revolução, extinto em 1982 com a revisão constitucional desse ano, foi a eleição direta de um presidente da República militar, escolhido, aliás, por vários elementos do Conselho da Revolução: Ramalho Eanes
Reeleito em 1980, Ramalho Eanes, acumulou funções de CEMGFA até 1981, e até que saiu de Belém, em 1986, foi ainda comandante Supremo das Forças Armadas e teve poderes de nomeação das chefias militares.
Apenas em 1986, com a eleição de Mário Soares, o primeiro civil na Presidência da Republica desde 1926, Portugal começou a trilhar o caminho das democracias maduras.
É um processo, mais que consolidado em 2025, que não pode ser hipotecado com a eleição de Gouveia e Melo