Os primeiros azulejos datados em Portugal
Estão na Casa do Fresco da Quinta da Bacalhôa, em Azeitão, e estão datados de 1565. São os primeiros azulejos figurativos, historicamente datados em Portugal, através de uma inscrição discreta que se situa no painel, num arco por trás das colunas.
O painel, perto do lago da Quinta, é assinado por Eneas Vito, artista que também trabalhou no famoso Palácio de Fontainebleau, localizado nesta cidade do norte de França, e representa um episódio bíblico do Antigo Testamento, conhecido como Susana surpreendida no banho da Casa do Tanque.
A Quinta da Bacalhôa (primeiro chamada Vila Fresca) tem uma história centenária de ilustres e curiosos proprietários. Começou por pertencer à realeza portuguesa, primeiro através de uma neta de D. João I, D. Beatriz. e depois da mãe de D. Manuel I, D. Brites.
Logo a seguir foi comprada por Brás de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia, um homem da Renascença que fez da casa o que ela ainda tem de mais magnífico, ao nível da arquitectura, construção e azulejaria.
A Quinta manteve-se na família dos Albuquerque durante três séculos, tendo um destes representantes, nobre comerciante, tido a alcunha de Bacalhau que transmitiu à mulher viúva e deu nome à Quinta da Bacalhôa.
No século XX, a Quinta voltou à posse da família real, comprada por D. Carlos, que aqui viveu. Em Janeiro de 1908, foi editado um livro satírico da autoria de António de Albuquerque que se passava na Quinta da Bacalhôa, O Marquês da Bacalhôa, ficcionando D. Carlos e D. Amélia como reis devassos, publicação que fez o gáudio de republicanos e contribuiu para o ambiente do regicídio, um mês depois.
Herdada por D. Manuel II, este vendeu-a a um negociante e funcionário do Banco de Portugal, Raul Martins Leitão, que não investe na quinta e a vê degradar-se, ao ponto de a vender em 1936 por um preço quase irrisório (12 mil dólares) a uma norte-americana, Ornela Scoville, que reabilita totalmente a Quinta, nela habita com a família e chega a dar guarida a várias crianças judias refugiadas da II Guerra Mundial. Em 1998, um neto de Ornela Scoville vende a Quinta da Bacalhôa a Joe Berardo, o seu actual proprietário através da Fundação Berardo.