Rui Costa agarra-se ao poder com calendário fácil da Liga NOS até às eleições
O Benfica tem um calendário fácil nos primeiros jogos da Liga Nos, o que faz supor o ganho de pontos e alta probabilidade de ficar bem colocado na tabela de classificação. Apenas recebe o Sporting na Luz a 4 ou 5 de Dezembro de 2021 e joga com o FC Porto a 29 de Dezembro. Sporting e FC Porto encontram-se logo a 11 ou 12 de Setembro em Alvalade, o que implica que um deles perca logo três ou dois pontos, em caso de derrota ou empate, beneficiando o Benfica.
As eleições no Benfica, como prometeu Rui Costa, realizam-se até ao final do ano, mas certamente ainda antes do derby lisboeta. O ex-jogador do Benfica deverá ser candidato a presidente às eleições com o apoio das hostes de Luís Filipe Vieira.
Com uma boa prestação encarnada na Liga Nos será mais fácil aos sócios esquecerem o processo Cartão Vermelho, em que Luís Filipe Vieira está envolvido e a herança deste deixada a Rui Costa, o seu delfim nos últimos anos.
Esta estratégia de Rui Costa e da actual direccão passa também por alcançar a meta decisiva do apuramento do Benfica para a Champions League. O sorteio do clube que vai defrontar os encarnados é já para a semana e os jogos em duas mãos realizam-se nos princípios de Agosto. Os belgas do Genk e os russos do Spartak de Moscovo estão entre os adversários possíveis.
A rapidez com que se processou a contratação do ex-leão Mário João não é alheia à necessidade de realizar este objectivo.
Os grandes clubes de futebol vivem de resultados desportivos, bem como do encaixe financeiro que estes envolvem, capazes de tudo branquear (tal como a economia e os seus malabarismos fazem viver os políticos entre os eleitores).
Na reunião plenária que ontem se realizou, a Direcção do Sport de Lisboa nem se demitiu em bloco nem metade dos seus membros, incluindo suplentes, renunciaram aos seus cargos, o que implicava em ambos os casos a escolha pelo presidente da Assembleia do Clube de uma Comissão de gestão com sócios com mais de dez anos de inscrição para gerirem o clube até ao final do ano e a preparação imediata de eleições antecipadas, nos termos do artigo 47º dos Estatutos do Clube.
No comunicado que a Direcção emitiu fica claro que esta quer continuar a gerir o clube nos próximos meses, comprometendo-se a realizar eleições até ao final do ano.
O mesmo comunicado refere que todos os vice-presidentes da Direcção foram unânimes no apoio a esta solução, ou seja José Eduardo Moniz, Sílvío Cervan, Domingos Soares d’Almeida, Jaime Antunes, Vieira do Passo e João Manuel Varandas Fernandes
Se os movimentos de oposição a Luís Filipe Vieira e à actual direcção pretenderem que esta seja deposta têm de obrigar à realização de uma Assembleia Extraordinária do Clube, requerida “por número de sócios efectivos no pleno gozo dos seus direitos, cujos proponentes, na sua totalidade e com observância dos demais preceitos estatutários, perfaçam pelo menos dez mil votos”, nos termos do artigo 57º nº 3 dos Estatutos do Clube.
Posição, no entanto, que fica fragilizada , face às responsabilidades desportivas imediatas em que o clube está envolvido.
No comunicado da Direcção esta refere que “Ficaram unanimemente identificados os objetivos de curto prazo a que se torna imperativo dar resposta:
– Preparação da época desportiva no futebol;
– Qualificação para a Champions League;
– Preparação da época desportiva nas diversas modalidades;
– Garantir a normalidade na gestão;
– Assegurar um adequado fecho do mercado de contratações e vendas;
– Conclusão, com sucesso, do empréstimo obrigacionista em curso;
– Unidade no universo Benfiquista”.
Só depois de cumpridas estas tarefas, “o Presidente da Direção, Sr. Rui Costa (…) irá promover todas as diligências tendentes à realização de uma consulta aos sócios. O ato eleitoral deverá ocorrer até ao final do corrente ano”, refere o comunicado.