Torrão de Ouro Nativo no Museu do Tesouro Real
O Torrão de Ouro Nativo é uma das peças mais emblemáticas do Museu do Tesouro Real, o qual conta no seu acervo milhares de peças que pertenceram aos últimos reis de Portugal.
Oriundo de Minas Gerais, no Brasil, quando este fazia parte do Reino de Portugal, é resultado do início da garimpagem pelos bandeirantes, no final do século XVII. Terá vindo para Portugal já no reinado de D. José I. Tem a designação de ouro nativo, mistura de ouro puro com matéria heterogénea, tal como surge na natureza. É uma peça que pesa 20 quilos e 420 gramas, correspondendo a 4590 gramas de ouro puro, uma das maiores do mundo.
É pela primeira pela referenciado nas colecções reais em 1827, no Inventário e Partilha por Óbito de D. João VI (cf. A.NT.T., C.F. 108, fl. 321), surgindo igual- mente citado no Espólio de D. João VI desse mesmo ano (cf. A.N.T.T., C.F. 109, apêndice final). Mais tarde é de novo citado no Inventário das Jóias e Mais Preciosidades da Coroa a que procedeu a Comissão nomeada por decreto de 24 de Novembro de 1842, encerrado em 20 de Março de 1844
Um artigo do Diário de Notícias datado de 6 de Março de 1876, indica que o torrão de ouro já fosse pertença da Casa Real desde o tempo do rei D. José I (1714-1777). Com efeito, noticiando uma visita do rei D. Luís I (1838-1889) à casa forte do Palácio das Necessidades, pode ler-se no histórico matutino lisboeta: “o rei notou num caixote, entre urnas, vasos de apreciável valor e conchas de ouro, um bocado de minério de ouro do mais fino com o peso aproximado de 20 kg procedente do Brasil – ainda sob a monarquia portuguesa. Supõe-se que esse oiro viera para Lisboa no tempo de D. José l mas a sua existência não era ignorada porque sempre estivera bem guardado e regis- tado no espólio. El Rey mandou nesse dia removê-lo, juntamente com os outros objectos contidos no caixote para o paço da Ajuda, onde já figuraram no último baile.”
Fonte: Tesouros Reais, Palácio Nacional da Ajuda, Instituto Português do Património Cultural, Lisboa, 1992