Uma paz honrosa
Acabar com a guerra na Ucrânia implica certamente fazer um acordo entre Moscovo e Kiev, onde ninguém perca a face.
É a chamada paz honrosa. O exemplo de anteriores conflitos ilustra, porém, que não é fácil alcançá-la.
Em 1968, Henry Kissinger, num artigo sobre a guerra no Vietname escrevia que era absolutamente essencial terminá-la no quadro de uma paz honrosa.
Em 1969, Kissinger torna-se uma peça fundamental na política externa do presidente Richard Nixon, como conselheiro de segurança, mas, apesar das suas palavras, a guerra no Vietname haveria de continuar até 1975.
Em setembro de1938, o primeiro-minstro britânico Neville Chamberlain chegou a Inglaterra após o acordo de Munique com Hitler e anunciou aos britânicos que tinha sido alcançada uma paz honrosa que salvava a Europa da guerra.
A região dos Sudetas, parte da Checoslováquia onde viviam 3 milhões de alemães, fora entregue ao III Reich com o acordo de Munique mas seis meses depois Hitler rompia o tratado e invadia toda a Checoslováquia. Em 1 de Setembro de 1939, a Alemanha invadia a Polónia e começava a II Guerra Mundial.
Mas nem todos os anúncios de paz honrosa fracassaram.
O primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli usou a frase num num discurso em 1878, após o Congresso de Berlim, onde se evitara uma guerra com a Rússia e o império britânico conseguira adquirir Chipre.
A primeira vez que é utilizado o conceito de paz honrosa é na peça de teatro Coriolano, de William Shakespeare, no III Acto, Cena 2.